terça-feira, 30 de novembro de 2010

Na rua dos bobos.

Chorei porque queria que aquela casa muito engraçada fosse minha.
Queria que aquele beijo fosse meu, que aquelas palavras fossem pro grão também meu.
Ter feito parte do que te fez ter vontade de mostrar pra todo mundo o que tem na cabeça.
Aquele abraço encaixadinho, aquele dia amanhecendo, vendo os outros indo trabalhar enquanto ainda começávamos os beijos de até mais tarde.
Um chameguinho depois de tantos e tantos copos não mais cheios por nossa culpa, por nosso desejo.

Mas eu to reclamando de que se foi assim que eu disse querer que fosse.
Sempre disse que era isso que eu queria, então porque essa mania idiota de reclamar do que tem e de querer o que não tem.

(Vamo parar com isso, menina! A vida é essa aqui! É só dessa que você vai lembrar agora, então vamo brincar de plantar teu jardim?)

Vamos sim! Mas não posso negar que queria ser a dona da rua e da casa número zero.
Aquela, da rua dos bobos.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

*Carta

Aqui ta quase escuro, a luz quase não chega mas ele teima que eu sei o que ele sabe mesmo dizendo que não sei. Ele é teimoso e ciumento, protetor e às vezes cruel, mas sou ainda mais e é por isso que não nos amamos a mais. E é por isso que o amo ainda mais, e ao invés de me repelir, ele me trás o lado do imã que me une aquele. Mas ele não sabe do que eu sei, ou do que eu quero saber. Eu nunca sei se sinto o que é, ou que quero sentir.
As cartas de Wether à Carlota me fizeram despertar para o desejo que tenho tantas vezes ao dia de também escrever cartas, mas não somente pra Carlota.
Um dia escrevi na tua mão o que usam pra me significar, mas o que significou de verdade foi meu desejo de morar ali dentro. E o que você não sabe é que mesmo contendo ali, onde tem mais osso do que carne, tua resposta com o mesmo signo na minha mão, significou pra mim um desejo de também morar aqui.
As cores mornas na minha sala são tão mornas quanto as daquele lugar onde estávamos quando escrevi e que costumamos ficar juntos e adormecer durante anos até o monstro que nos liga a vida vir nos acordar e dizer tudo o que precisamos fazer para nos manter vivos e vivos aos outros. Daquele lugar onde confesso a mim meus segredos. É aquele mesmo lugar onde pude senti o momento exato da minha morte. É. Eu senti quando ela chegou me dizendo: -Olá! Sou eu mesma, toda tua certeza e força agora pertencem a mim. Ela me derrubou pelos meus olhos, por culpa dessa mania de viver procurando poesia em todo canto. A poesia deve ter feito um pacto com as forças ocultas, por isso ela consegue tudo o que quer e vive brincando com aqueles que terminam por precisar dela pra viver e sobreviver. Foi ela que levou a morte até mim. Foi sim!
Foi naquele exato momento em que abri os olhos e vi minha pela sobre a tua e tua entre a minha, quando vi que minha cor veste tão bem com a tua quanto tão bem me faz o cheio que inalo do teu corpo quando me pego desperta.
Foi ali que morri, naquela esquina entre o sonho e a vida que a morte e poesia se apoderaram de meu corpo e de meus pensamentos, me mataram e me deixaram aqui, assim, sem conseguir comandar mais nada e me sentindo mais viva do que nunca. E como o nunca é um lugar que não existe nem acontece, to mesmo é morta.
Só vivo quando te tenho em mim, porque nesse meu conto de fadas, tu es o príncipe único que consegue afasta-las de mim para me devolver a vida, a cor, o sopro que me traz o sorriso à boca e me devolve os olhos para que novamente eu veja nossos corpos se misturando e pintando aquele quadro de peles que tanto me alucina quando o encontro.
Enquanto me leio em Barthes, me encanto com as descobertas que me acontecem.
Em que lugar do corpo adverso devo ler minha verdade?
E a verdade existe? Até onde vai a minha e onde começa a tua? Até que ponto sou mandona e persuasiva e até onde vai tua inocência e começa tua fantasia.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Quando alguém lê dentro da gente

-“Ora... O que não sei, e saber quero, é – a gente -; o que é que a gente agora vai fazer?” - perguntei para cima. Outro tal, repontei: –“Estou em claro. E estou em dúvida. Todo tempo me gasta...”

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Desenredo

Eterno ir e vir
Voltei pro zero
Não segui meu instinto
Senti a hora de parar
Sim! Naquela tarde, ao ler tudo aquilo, senti.
Ouvi minha voz dentro de mim me dizendo que não devia pisar ali.
Como sempre, desobedeci. Me desobedeci.
Eu sabia sim que não devia ir
Sim, sabia que ali ia me perder e pra encontrar de novo o caminho de volta ia doer
Mas é tão fácil quando a gente tá de fora.
Fácil no sentido de enxergar o melhor caminho
E de achar super fácil seguir por ele
Mas existe uma força maior dentro de mim
Eu sei que sou eu que faço essa força crescer
Que meu pensamento é a vitamina dessa força
Mas deixo sim ela crescer
E vou continuar deixando
Assim será a nossa vida
Uma tarde sempre a esquecer, uma luz a se apagar na treva.
Um caminho entre dois túmulos.
O meu e o teu.
Esse caminho deve ser meu futuro
Tem que ser, preciso aceitar.
Mas confesso que talvez insista em desenredar mais uma vez essa história
Confesso que não gosto de cemitérios e ter que me enterrar e te enterrar
Te enterrar em mim
Confesso que não quero chorar teu enterro
Prefiro recriar mil vezes o meu fim.
Mas sinto que agora esse fim se faz preciso.
Mesmo que depois ele deixe de ser o fim e se torne um fim.
Mas sinto que ele precisa ser o fim.
A gente sempre se acha forte.
Que nada!
Mais frágil impossível.
Tanto faz
Nem precisa ler
Só fiz jogar umas palavras que me vieram na cabeça
Pra no final resumir no q eu já disse
Me fudi!
É q são tantas coisinhas
Pequenas coisas que a todo tempo me vêm na cabeça como uma recordação
Mas passaram as horas em que lembrar dessas "coisinhas" me faziam sentir bem
Agora estão me fazendo mal
"mal"
Fico angustiada
Não sei exatamente porque
Desconfio mas não sei
Me sinto repetindo tudo, a mesma ladainha
E é muito ruim ver o mesmo filme tantas vezes
Quando o filme é ruim, claro.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

O seu nome não tem acento, mas eu insisto em colocar.
Ele não tem acento, um dia aprendo.
Um dia aprendo a viver sem complicar as coisas, sem insistir em colocar coisas onde não é preciso. Um dia eu aprendo a simplificar a vida e o amor como você.
Pensar demais e fazer de menos. De que adianta com ou sem se o resultado não muda?
Agir, fazer, saber, amar, a mais.
Me faz bem ler em e sobre você, ouvir e falar, cantar, saber, sentir, viver você, por e com você.
Às vezes te xingo, te culpo por me fazer assim como sou. Às vezes sinto que aprendi e aprendo mais com você do que com meus pais. Me espelho em você, me vejo em você, através de.
Quero amar a mais, viver a mais, assim como você.
Mas quero ser eu, quero aprender meu jeito de amar. Mas aprender com você.
Oi? Cê tá ai? Será que me ouve? Será que me lês?
Me atende. Me ajuda. Me guia. Me ilumina.
Me ensina a canção do amor demais.

sábado, 1 de maio de 2010

Comigo

Case-se comigo!
Hoje na volta do cinema, após planos fracassados ouvi e lembrei.
Lembrei e cheguei a ouvi tua voz me dizendo: -Quer casar comigo?
Lembrei e parei pra pensar nas coisas que costumamos falar da boca pra fora.
Coisas que têm um peso tão pesado, mas que conseguimos deixar leves quando queremos.
É, preferia teu peso sobre mim.
Preferia o peso dessa frase, o peso do teu corpo.
Hoje me sinto leve, livre.
Mas preferia tá presa, pesado com o teu peso sobre o meu.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

São demais os perigos dessa vida
Pra quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida.

E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher.

Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento.
E que a vida não quer, de tão perfeita.

Uma mulher que é como a própria Lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua.

*Orfeu da Conceição
Vinícius de Moraes

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Me parece que a carência tem poderes imensos.
Fingir um amor, uma paixão, talvez.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Resto

Aos poucos a gente vai jogando no lixo as coisas pequenas que por pequenas não enxergamos quando jogamos as grandes.
E junto com as coisas pequenas palpáveis e/ou visíveis, aquelas que construímos dentro dagente vão junto. A lembrança das comparações com aquele filme, vão embora junto com o ingresso que achei nem lembro mais onde e que ainda perambulava aqui pelo meu quarto, os e-mails ainda salvos são excluídos junto com as fotos e lembranças dos momentos das fotos, porque nem tudo daqueles dias quero excluir. Quero lembrar daquele cavalo que me fez berrar de medo quando vi que ele andava somente por onde ele queria, e o que ele queria mesmo era me tirar de cima dele e aí passava por baixo de árvores super baixas que se eu não me abraçasse a ele caia. Eita! Será que o que ele queria era que eu abraçasse ele?! Ah, seja lá o que foi, ele sim foi sincero, eu é que não entendo sua língua.
Enfim, aquele abraço da foto também foi excluído.
Só não sei se sozinha vou conseguir jogar no lixo as lembranças das dores. Não sei se sozinha vou conseguir catar todas elas e depois descobrir um lixo seguro pra que ela não volte como o ingresso que só vai de verdade agora que já tá dentro do saco fechado ali na porta pra o lixeiro levar.
Afinal hoje é terça-feira, o dia que o carro do lixo passa aqui na rua!
Lixo! Esse sim é seu lugar!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Hoje

Ela tá me comendo toda.
Ela come mesmo. Come a vontade de fazer e de não fazer. De estudar, de escovar os dentes pra dormir. De andar de patins depois de deixar Zé na escola. Ou de ficar com Bento quando forem levar Zé.
Não aguento mais ver essa coisa vazia tomar todo o espaço e me deixar ainda mais vazia. Parece que tô oca.
Tento encontrar a resposta pra isso: pressentimento? saudade? falta? mudança?
Quando senti a dor, reclamei, quis tirar ela de mim, mas agora que não sinto nada e só me resta o medo, ou o nada. Nem tanto melhor nem pior, mas também incomoda.
Acho que a dica tá no nome que se dá pra esse sentimento de vazio.
Vazio, nada, falta, nada.
Nada. Deve ser o que devo fazer pra isso passar. Nada.

Clarice por mim.

Que o Deus venha

Sou inquieta, áspera e desesperançada, embora amor dentro de mim eu tenha.
Só que eu não sei usar amor, às vezes arranha feito farpa.
Se tanto amor dentro de mim eu tenho, mas no entanto continuo inquieta.
É que eu preciso que o Deus venha antes que seja tarde demais.
Corro perigo como toda pessoa que vive, e a única coisa que me espera é o inesperado.
Mas eu sei que vou ter paz antes da morte.
Que vou experimentar um dia o delicado da vida.
Vou aprender como se como e vive o gosto da comida.
- Como se come e vive o gosto do amor.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Com o veneno da serpente.

Me dê uma noite e um pouco da manhã, só preu sacar se os olhos mudam de cor.
Só pra eu saber se eu sou só eu, ou já deixei de ser.
Pra saber se são eles ou as cores que mudam.
Se eu já deixei de ser ou misturei.
Onde será que toda aquela coragem, confiança e força se esconde quando eu me pego assim como agora?
Cá estou eu mais uma vez jogando letras na tela pra ver se elas me ajudam a descobrir, já que aqui na minha caixola elas não estão colaborando muito.
É, acho que o homem não esta adaptado a mudanças. E quando ela vem, parece que tiraram o chão dos seus pés.
Ele também não sabe perder. Não se conforma em ter que perder.
Será mesmo que é o homem? Ou a mulher? Eu?!
Parece que junto com o sangue que perco todo mês, de tempos em tempos, como um filho que nasce, sabe? É, parece que de nove em nove meses, em média, junto com esse sangue perco mais uma porrada de coisas.
Esse mês parece que foi o escolhido.
E a cada dia tenho mais certeza que perdi uma flor, minha flor, e eu também era flor dela.
É, isso foi ruim.
Perdi também toda aquela confiança em mim, sabe? Aquela que me fazia crer que podia tudo. Aquela que vinha junto com minha coragem e certeza.
Mas isso não sei se foi de todo ruim, já que talvez isso me tenha feito encontrar outra coisa que como ainda é talvez, prefiro ficar procurando a certeza.
Perdi também a paciência de esperar o telefone tocar, de esperar o fim de semana pra tomar cerveja e de esperar a digestão se completar pra comer mais chocolate.
Mas aí também não creio na coisa como ruim.
Perdi meu brinco de bolinha e meu cheiro de independência.
Parece que quando perco uma coisa, saio perdendo tantas outras.
Perco a hora do cinema, a hora do banco e a hora de parar.
Parar. Parar.
Quando essa enchurrada que me leva tantas coisas, junto com o sangue vermelho escuro, vai enfim sossegar e deixar que o sol seque minhas roupas, meus cabelos e minha pele. E aí me deixar procurar e encontrar de volta tudo que perdi.
Quando será que eu vou poder ter a certeza de que na verdade me encontrei.
Que na verdade...
Achei.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Caso Pluvioso

A chuva me irritava. Até que um dia
descobri que maria é que chovia.

A chuva era maria. E cada pingo
de maria ensopava o meu domingo.

E meus ossos molhando, me deixava
como terra que a chuva lavra e lava.

Eu era todo barro, sem verdura...
maria, chuvosíssima criatura!

Ela chovia em mim, em cada gesto,
pensamento, desejo, sono, e o resto.

Era chuva fininha e chuva grossa,
matinal e noturna, ativa...Nossa!

Não me chovas, maria, mais que o justo
chuvisco de um momento, apenas susto.

Não me inundes de teu líquido plasma,
não sejas tão aquático fantasma!

Eu lhe dizia em vão - pois que maria
quanto mais eu rogava, mais chovia.

E chuveirando atroz em meu caminho,
o deixava banhado em triste vinho,

que não aquece, pois água de chuva
mosto é de cinza, não de boa uva.

Chuvadeira maria, chuvadonha,
chuvinhenta, chuvil, pluvimedonha!

Eu lhe gritava: Pára! e ela chovendo,
poças dágua gelada ia tecendo.

Choveu tanto maria em minha casa
que a correnteza forte criou asa

e um rio se formou, ou mar, não sei,
sei apenas que nele me afundei.

E quanto mais as ondas me levavam,
as fontes de maria mais chuvavam,

de sorte que com pouco, e sem recurso,
as coisas se lançaram no seu curso,

e eis o mundo molhado e sovertido
sob aquele sinistro e atro chuvido.

Os seres mais estranhos se juntando
na mesma aquosa pasta iam clamando

contra essa chuva estúpida e mortal
catarata (jamais houve outra igual).

Anti-petendam cânticos se ouviram.
Que nada! As cordas d’água mais deliram,

e maria, torneira desatada,
mais se dilata em sua chuvarada.

Os navios soçobram. Continentes
já submergem com todos os viventes,

e maria chovendo. Eis que a essa altura,
delida e fluida a humana enfibratura,

e a terra não sofrendo tal chuvência,
comoveu-se a Divina Providência,

e Deus, piedoso e enérgico, bradou:
Não chove mais, maria! - e ela parou.

(Carlos Drummond de Andrade)

*A chave do sábado - Análise do texto literário, com Norma Godoy.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Isso não tem a ver com idade não.
É espírito
É vontade.

[Isadora]

terça-feira, 16 de março de 2010

(Comecei jogando a primeira pergunta e pedi pra que ela esquecesse o gravador.)

O que é o amor?
Que medo dessa pergunta! Você já começa assim jogando essa bomba pra mim?! Não sei se sei definir o amor, é uma coisa muito forte e muito complexa pra ser definida, talvez seja o sentimento de... ai Deus do céu, não sei... de dar a vida por alguma coisa, por alguém.

Você tem algum conhecimento sobre os tipos de amor?
Creio que tenho.

Quais?
Amor de amigo, de irmão, de pai, de mãe...

Sem classificações teóricas, certo?.
É.

Quais os tipos de amor você já sentiu?
Amor de pai e mãe. Amor de irmão, por meu irmão, e esse eu acho que é o maior amor...
(Mais do que o de pai e mãe? Talvez, porque quando eu penso na hipótese de meus pais morrem, logo penso, e meu irmão, como ficaria? Por ele eu faria tudo, sabe?)

...amor de amigo e lógico, amor “enamorado” que é o mais complexo pra mim.

Algum já doeu?
Muito. ( E fez aquela cara de: e você sabe o quanto!)

Qual?
O enamorado

(sorrisos, cervejas e mais sorrisos.)

Como era essa dor?
A dor de não ser correspondido.

Mas o que você sentia?
Às vezes raiva, porque eu era capaz de tanto por esse amor e não recebia nada de volta, às vezes muitos ciúmes por saber que o meu amor sentia amor por outras pessoas e às vezes um carinho, um cuidado muito grande.

Essa dor já chegou a ser uma dor física, como a que você me falou sentir no dia na missa de Marina, lembra? E que eu aprendi a perceber depois desse dia. É isso que eu quero saber. Não das coisas a que essa dor te leva. Porque você falou de raiva, ciúmes, mas aí acredito que já são as conseqüências a que essa dor te levou.
Ah, dói, dói muito. Dói, aperta. É uma bala de raspão que passa pelo coração que não penetra, mas fere muito, sabe?

E qual foi o melhor amor de sentir?
O amor de amigo. O amor pelos meus amigos é o que me deixa mais feliz.

É!? (fiquei surpresa, porque pra mim tudo de bom que venho vivendo com AMIGOS é ainda muito novo, antes só com os “amigos” eu me sentia sozinha. Essa distinção na grafia da palavra amigo, faço de acordo com a classificação para as amizades que considero verdadeiras.)
É.

E qual foi o melhor momento que o amor já lhe proporcionou? Qual a coisa mais importante que o sentimento que você toma por amor já lhe proporcionou?
Isso é difícil, menina, sei não. Eu tenho muitos momentos. Os momentos com os meus amigos. Aqueles momentos, mesmo, que tu fica bem tabacuda dizendo “ah, isso é tão lindo”. Tem também os momentos com meu irmão e com minha mãe, com a minha família eu fico muito, muito, muito feliz, pelo amor que a gente tem um pelo outro, mas ainda não existe um único momento.
(entre um gole e outro ela pensa e continua)
Eu não posso dizer que foi o nascimento do meu irmão, porque eu tava morrendo de ciúmes e não fui capaz de sentir outra coisa e pensava, Isaac nasceu. Grande coisa!
Ah, talvez tenha sido num dia em que o segurei pela primeira vez enquanto minha mãe tomava banho. Ele tinha uns dois meses, talvez. Ele era bem molinho, bem pequenininho, e eu fiquei um tempão segurando, sem saber segurar, toda dura e ele dormindo. Aí eu achei a coisa mais linda e então comecei a ficar mais molinha.
Mas mesmo assim eu ainda não sei se foi O momento, continuo achando que ainda não houve, sabe?

(-Rossi, mais uma, por favor.)

Me diz então como o amor seria se fosse uma obra arquitetônica. (acredito que todo mundo tem um amor por alguma coisa, não por outro ser humano, por que aí surgem muitos tipos, mas por outra coisa, talvez um amor “concreto”, e eu acho que esse é o seu, a arquitetura.)
É bem verdade. Mas tem que ser uma obra, ou pode ser um conjunto de obras?
Como quiser, fique a vontade.
Hum! Museu dos judeus, em Berlim! Acho, do caralho um arquiteto conseguir ter uma compaixão, um amor, por uma cultura, por um povo tão grande, e expressar tudo isso na arquitetura de uma forma tão intensa.
(lembra e descreve o lugar) São corredores... é um lugar altamente claustrofóbico, que faz você se sentir mal. Mas essa é exatamente a intenção do lugar. Fazer você se sentir como eles (os judeus) se sentiram na época da segunda guerra. Existem corredores que saem vigas, umas coisas em sua direção, como se fossem lhe agredir. Tem uma câmara que é completamente escura. Você entra e fica completamente no escuro, completamente desolado. Também um quarto onde o pé direito é bem alto, e você vê uma luz. É uma coisa fora do normal! Eu acho foda isso, sabe? De a arquitetura poder trazer pra você sensações que você não sabe nem que é ela que tá lhe trazendo isso, mas é ela sim!
E foi o amor daquele arquiteto judeu, pela cultura dele, que o permitiu conseguir conceber uma obra daquela magnitude. Nenhum outro arquiteto conseguiria fazer isso. Você tem que ter muito amor por uma coisa que você acredita, pra poder conseguir fazer uma coisa daquelas. Pra fazer com que outras pessoas, que não tem o mesmo amor que você tem por aquilo, sentirem o mesmo.
É muito foda! Eu sou louca pra conhecer, porque fotos eu já tenho mil . Mas preciso entrar, pegar, sentir, experimentar a arquitetura. Porque arquitetura pra mim é isso.

(pausa. Cervejas, petiscos, cervejas...)

E aí, você está gostando de falar sobre o amor?
Sim. Sou tão cheia de teoria que estou gostando.

Já fez isso antes?
Não.

(Falamos um pouco sobre o que acreditamos ser a coisa mais importante e ela falou que apesar de ser bem clichê, acredita que seja mesmo o amor. Fala novamente sobre o amor que têm pelos amigos, pela profissão, sobre as relações de amizades que seus pais não tem, e que por isso o veem como uma boa amiga. E pra terminar, volto ao começo.)

E então, o que é o amor?
De todas, essa continua sendo a pergunta mais difícil, porque continuo sem saber definir com clareza... É ter capacidade de se doar... sei não, sei não.
*Jesus nos disse que devemos amar ao próximo como a nós mesmos... mas não nos disse o que é o amor.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Hoje de manhã

Ela estava onde eu não pudia imaginar.
Lá na porta branca e fechada.
Fechada não se sabe por quanto tempo.
Esta era branca e o verde daquela era quase o mesmo verde da caneta que escrevo agora essas loucuras.
Era quase da cor do sorriso que vi no meu rosto no espelho do banheiro do teu irmão, naquele dia.
Mas ela tava lá, pisando com cautela, sentindo e observando tudo com a calma e paciência que só a esperança tem. Pisando e apoiando seus pés miudinhos naquela superfície branca e cheia de armadilhas que poderiam inutilizar seus sentidos caso eles falhassem.
Ela tava lá e nem me dava bola. Ou será que me olhava? Que estava ali por mim, pra mim?
Eu precisava dela. Precisava que ela comesse as folhas, os caules, as flores e destruísse até as raízes do jardim que tu me deste e que eu ainda insisto em cultivar.
Preciva que ela destruísse tudo e morasse sozinha lá naquele lugar, aquele lugar que era teu e meu.
Resolvi tocar nela pra ver se ela me olhava e eu a convidaria pra morar em mim, mas ela voou. Olhei e vi que ela ainda estava perto de mim.
Mas perdi a coragem, e fui embora.

sábado, 6 de março de 2010

Ciclos

Reflexões, ausências, pressentimentos. Foi enxugando meu rosto após o banho (às 2h39), que percebi que isso faz parte do fechamento de um ciclo. Fechamento, encerramento, mudança de rotina, de pensamentos, certezas. E no final, de como lidar e ver o amor. Afinal, se não tivesse o amor aí metido no meio, não me interessaria.
Não, eu não estou doente. Mas bem que gostaria de estar. Doente de amor. Sim, aí sim, gostaria. Talvez o melhor a fazer agora, seja voltar a focar minhas energias ao meu novo-velho projeto de falar, falar e falar sobre essa coisa, pra tentar entender, e no final, essa busca na verdade poderá resultar no entendimento do meu eu, já que o que corre em minhas veias, em meu pensamento, o que inspiro, expiro e transpiro é o amor.
Sinto que preciso agora tentar diferenciar seus tipos, e descobrir a doçura que há em cada um, e deleitar-me ao encontrar o prazer que cada um deles pode me trazer. Acredito que não seja culpa exclusiva minha, essa necessidade absurda que sinto de pensar, sentir, querer e ter alguém. Essa coisa que me faz preferir estar, sentir e ter alguém, a estar alegre, feliz, como as pessoas costumam dizer.
Talvez o que eu esteja precisando, seja do meu próprio olhar. Acho que passei tempo demais preocupada em conquistar os outros olhares, que esqueci de eu mesmo olhar pra mim.
Isso. Achei a chave! Sinto que preciso começar um novo ciclo, e esse tem a mim como centro, quero me acompanhar ao cinema, ao teatro. Vou me convidar pra tomar uma cerveja. As pessoas costumam estranhar quando veem alguém “sozinho” num bar, num cinema, num teatro. Mas elas não enxergam que não estão sozinhos aqueles lá, mas sim um outro alguém que está sentado em outra mesa com muitas, várias pessoas. Lá vou eu de novo fugindo de mim, e pensando nos outros, no outro, no externo.
Não que eu queria me tornar uma suplente a autista. Não! O que sinto que preciso, é me cuidar, me amar, me apaixonar, me fazer sentir as sensações que até agora desejei tanto que os outros me trouxessem, me fizessem sentir. Na verdade, antes talvez eu não houvesse parado pra pensar que o outro já me trouxe tudo o que desejei. Amor, paixão, ternura, carinho, atenção, mas agora eu preciso me dar tudo isso, tudo isso do jeito que eu sempre achei que os outros não conseguiram me dar. (E esse vão que apareceu na frase anterior, entre o que eu quero e o que já recebi, aconteceu exatamente porque tudo o que eu sempre quis dos outros foi muito mais do que essas nomenclaturas podem exprimir e talvez por isso nunca recebi.) Talvez assim eu possa descobrir que não existe o que eu quero, ou se existe, mostrando a mim mesma, possa perceber que não é absurdo. Que o absurdo é só o que eu quero, é tudo o que eu quero e preciso.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Deixa eu te falar.

Vejo por aí as pessoas conseguirem tanta coisa se escondendo, se controlando, se privando. Por que tem que ser assim? Por que as pessoas se assustam quando se deparam com a verdade, com a sinceridade, a transparência?
A transparência de pensamentos, sentimentos, vontades.
Se quero, procuro, vou onde quer que seja, quando for, onde for, como for. Vou e pronto.
Pra que negar quando se tem vontade? Por que as pessoas colocam objetos e planos na frente dos sentimentos? Tudo acaba, vai embora, se esvai. Tudo. Ou melhor, quase tudo. Quase tudo porque o que for de verdade e carregado aqui dentro dessa coisa que chamam de coração, essas coisas não vão não, elas ficam e ficam pra sempre.
Quero levar toda a bagagem e o que mais estiver a mão. Quero poder dizer e expressar tudo o que sinto. Não quero mais me privar disso.
Não! Não quero ser mais uma das/os que seguem a regra de que é preciso endossar o café pra ele ficar gostoso. Quero poder saborear o amargo, o doce, o salgado.
Quero gritar, parecer louca, boba, ingênua, burra (pra alguns), tola... Quero me mostrar por inteira, sem esconder nem mesmo minha boca que fica gigante quando acordo, nem minha barriga quando saio do rodízio de sushi, massas, ou o que quer que seja, minhas lágrimas quando sinto cólicas ou gritam comigo e todo o amor que quero dar.
Quero me mostrar e ver, quero ver além da carne, além do corpo, além do que me mostras e do que podes ver. Quero ter e pertencer.

Amor? Alô? Alguém ai?
Ah, desculpa! Foi engano.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A fotografia.

A de hoje tinha cores e desenhos geométricos.
Círculos, retângulos (muitos), triângulos e outras formas mais.
Mas formas não me importam muito, não.
O que quero deixar registrado aqui são as cores que marcaram minha fotografia.
O marrom, e vários de seus tons.
Marrom claro, escuro, quase laranja, quase verde, mas marrom. Bem escuro, quase preto. Bem clarinho, quase cor de nada e de tudo também. Teve até o preto e o branco, mas esses foram só figurantes. O marrom foi mesmo o protagonistoa.
Também o quase cinza, mas era mesmo branco. Sim, branco. Talvez daí até fosse cinza, mas daqui era branco.
Nunca percebi que cores tão mornas, se juntas podem se tornar tão ricas.
Juntas a mim, a cheiros e a chuva.
Lindas e molhadas.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O amor nos tempos do cólera

Florentino Ariza o escutou sem pestanejar. Depois olhou pelas janelas o círculo completo do quadrante da rosa náutica, o horizonte nítido, o céu de dezembro sem uma única nuvem, as águas navegáveis para sempre, e disse:

- Sigamos em linha reta, reta, reta, outra vez até a Dourada.

Fermina Daza estremeceu, porque reconheceu a antiga voz iluminada pela graça do Espírito Santo, e olhou o comandante: ele era o destino. Mas o comandante não a viu, porque estava anonadado pelo tremendo poder de inspiração de Florentino Ariza.

- Está dizendo isso a sério? - perguntou.
- Desde que nasci - disse Florentino Ariza - não disse uma única coisa que não fosse a sério.

O comandante olhou Fermina Daza e viu em suas pestanas os primeiros lampejos de um orvalho de inverno. Depois olhou Florentino Ariza, seu domínio invencível, seu amor impávido, e se assustou com a suspeita tardia de que é a vida, mais que a morte, a que não tem limites.

- E até quando acredita o senhor que podemos continuar neste ir e vir do caralho? - perguntou.

Florentino Ariza tinha a resposta preparada havia cinquenta e três anos, sete meses e onze dias com as respectivas noites.

- Toda a vida - disse.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Benditas coisas que eu não sei, os lugares onde não fui, os gostos que não provei, meus verdes ainda não maduros.
Os espaços que ainda procuro e os amores que eu nunca encontrei.
Benditas coisas que não sejam benditas.
A vida é curta, mas enquanto dura, posso durante, um minuto ou mais.
Te beijar pra sempre o amor não mente, não mente jamais.
E desconhecer do relógio o velho futuro, o tempo escorre num piscar de olhos e dura muito além dos nossos sonhos mais puros.
Bom é não saber o quanto a vida dura ou se estarei aqui na primavera futura.
Posso brincar de eternidade agora, sem culpa nenhuma, nenhuma...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Minha irmã

Sobre o amor e sobre ela.
Sobre ela que ama amar. Ama os de pele macia, cor de qualquer cor, de cheiro bom, de cheiro de cheiro. Não importa que muro precise pular, pula, pula e pula quantas vezes for preciso.
Ama os da frente, do lado, de trás e do outro. Ama, somente porque o amor a consome por inteira, porque sem amar não sabe viver. Nem morrer.
Ela escuta sempre os outros dizerem que é possível ser feliz sozinha. E concorda. Eles não entendem, mas ela concorda sim. Ela só não concorda que seja possível viver sem amar. Isso não. Sem o fogo, o fogo que o amor-paixão faz queimar dentro dela. Sem ter em quem pensar ao acordar, ao dormir. Comendo, bebendo, fazendo coisas, não fazendo nada.
Às vezes me conta quando lembra ter “amado” pela primeira vez... Aquele velho amor da rua. Ouvia a voz dele e corria pra janelinha do banheiro, de onde melhor podia avistá-lo sem ser vista, lembra também dos amores da escolinha das três estrelas onde ela e mais duas amigas se sentiam as três. Dos amores das novelas, e do primeiro amor que não pode corresponder, não pode corresponder aos presentes e cartões, e nem se vestir de noiva como a bonequinha que ganhou dele naquele natal. Mas não se esqueceu do seu cheiro, nem do cartão que rasgou.
O primeiro beijo foi sem amor, mas o terceiro foi o primeiro. O primeiro amor. Por quem chorou e descobriu que amava. Descobriu isso quando se pegou trancada no banheiro chorando só porque ele foi embora, chorou mesmo sabendo que estavam de férias e que no dia seguinte iriam se ver novamente.
Do segundo amor em diante ela foi se entregando ainda mais. Conhecendo novos amores, novas paixões, novos beijos e novas sensações. Novos. Novidades. É disso que ela gosta.
Entre um e outro, beijos naqueles que amara outrora quando nem a olhavam.
Depois um amor diferente, um amor casal. Um amor que era correspondido sem ser, sem saber, e por não saber acabou. Acabou por não saber que era, que existia. E com esse descobriu que o amor não precisa ser gritado por cima dos telhados, mas precisa ser declarado e ofertado. Descobriu que o os coração é que precisam gritar um ao outro.
Depois descobriu o que dá quando a amizade se confunde com o amor e depois o amor quando se confunde com amizade.
E assim ela ama e ama. Descobrindo e tentando explorar e sentir tudo o que essa coisa estranha desperta nela, sentindo e curtindo cada faísca de sensação pra depois tentar entender (isso é mania dela), lidar e crescer e acrescentar e diminuir também. Diminuir essa ânsia toda que ela carrega dentro desse corpo pequeno de pele amarela. Diminuir qualquer coisa que precise ser diminuída, pra sobrar mais espaço pro amor, pra amar, dar e receber amor.
O amor ou essa coisa que ela não sabe viver sem e que chamam assim, de amor.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Não era!

Não! Não era tpm, ou melhor, não era somente tpm.
Acho que era um pressentimento que de tão forte, me deixou louca!
Já sei de tudo. Pra falar a verdade, não sei de nada.
Nada não, sei somento o que meu coração me diz.
Acho que não foi só verdade, acho que ela se escondeu um pouco, só não sei se somente nas tuas palavras ou se também na tua cabeça.
Não era verdade o que falavas sobre o possivel futuro. Esse futuro não existia, o que exitia já era presente.
Não como o que eu comprei, mas em forma de dor aqui dentro.
Soube que fazias como comigo.
Cheguei a sentir teu abraço nela. Como seu eu tivesse dentro dela.
Também teu cheiro e teu coração, como se fosse eu ali.
Não, não era, eu não estava, nem estou.
Não, não. Não era só tpm. Não era, nem é.
Ela já chegou.
É, chegou.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Vai passar!

Essa loucura toda a de ser TPM, sim sim é ela, só pode!
Como assim, no terceiro dia do ano essa loucura toda inventou de se instalar na minha cabeça ein? Como assim?
Putz! Ninguém quer isso! Faz aqui , desfaz ali. São muitas loucuras pra somente três dias, pô!
Vai passar, né? Vai, vai sim, vai passar.
A calma vai chegar e tudo vai voltar pro seu lugar, inclusive o meu juízo. Inclusive não! Principalmente!
Tudo vai ficar sereno e calmo como nunca foi. É, calmo e sereno nunca foi... e na verdade acho que como nunca será, já que tenho uma máquininha aqui dentro que não me deixa ser assim.
Mas então, se meu juízo voltar pro lugar já tá tudo certo.
É. Vou esperar por isso. Depois que o rio de sangue passar, vai dar tudo certo.
Vai ficar tudo bem.
Vai, vai sim.

Louca, louca!