segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Minha irmã

Sobre o amor e sobre ela.
Sobre ela que ama amar. Ama os de pele macia, cor de qualquer cor, de cheiro bom, de cheiro de cheiro. Não importa que muro precise pular, pula, pula e pula quantas vezes for preciso.
Ama os da frente, do lado, de trás e do outro. Ama, somente porque o amor a consome por inteira, porque sem amar não sabe viver. Nem morrer.
Ela escuta sempre os outros dizerem que é possível ser feliz sozinha. E concorda. Eles não entendem, mas ela concorda sim. Ela só não concorda que seja possível viver sem amar. Isso não. Sem o fogo, o fogo que o amor-paixão faz queimar dentro dela. Sem ter em quem pensar ao acordar, ao dormir. Comendo, bebendo, fazendo coisas, não fazendo nada.
Às vezes me conta quando lembra ter “amado” pela primeira vez... Aquele velho amor da rua. Ouvia a voz dele e corria pra janelinha do banheiro, de onde melhor podia avistá-lo sem ser vista, lembra também dos amores da escolinha das três estrelas onde ela e mais duas amigas se sentiam as três. Dos amores das novelas, e do primeiro amor que não pode corresponder, não pode corresponder aos presentes e cartões, e nem se vestir de noiva como a bonequinha que ganhou dele naquele natal. Mas não se esqueceu do seu cheiro, nem do cartão que rasgou.
O primeiro beijo foi sem amor, mas o terceiro foi o primeiro. O primeiro amor. Por quem chorou e descobriu que amava. Descobriu isso quando se pegou trancada no banheiro chorando só porque ele foi embora, chorou mesmo sabendo que estavam de férias e que no dia seguinte iriam se ver novamente.
Do segundo amor em diante ela foi se entregando ainda mais. Conhecendo novos amores, novas paixões, novos beijos e novas sensações. Novos. Novidades. É disso que ela gosta.
Entre um e outro, beijos naqueles que amara outrora quando nem a olhavam.
Depois um amor diferente, um amor casal. Um amor que era correspondido sem ser, sem saber, e por não saber acabou. Acabou por não saber que era, que existia. E com esse descobriu que o amor não precisa ser gritado por cima dos telhados, mas precisa ser declarado e ofertado. Descobriu que o os coração é que precisam gritar um ao outro.
Depois descobriu o que dá quando a amizade se confunde com o amor e depois o amor quando se confunde com amizade.
E assim ela ama e ama. Descobrindo e tentando explorar e sentir tudo o que essa coisa estranha desperta nela, sentindo e curtindo cada faísca de sensação pra depois tentar entender (isso é mania dela), lidar e crescer e acrescentar e diminuir também. Diminuir essa ânsia toda que ela carrega dentro desse corpo pequeno de pele amarela. Diminuir qualquer coisa que precise ser diminuída, pra sobrar mais espaço pro amor, pra amar, dar e receber amor.
O amor ou essa coisa que ela não sabe viver sem e que chamam assim, de amor.

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