segunda-feira, 26 de abril de 2010

São demais os perigos dessa vida
Pra quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida.

E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher.

Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento.
E que a vida não quer, de tão perfeita.

Uma mulher que é como a própria Lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua.

*Orfeu da Conceição
Vinícius de Moraes

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Me parece que a carência tem poderes imensos.
Fingir um amor, uma paixão, talvez.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Resto

Aos poucos a gente vai jogando no lixo as coisas pequenas que por pequenas não enxergamos quando jogamos as grandes.
E junto com as coisas pequenas palpáveis e/ou visíveis, aquelas que construímos dentro dagente vão junto. A lembrança das comparações com aquele filme, vão embora junto com o ingresso que achei nem lembro mais onde e que ainda perambulava aqui pelo meu quarto, os e-mails ainda salvos são excluídos junto com as fotos e lembranças dos momentos das fotos, porque nem tudo daqueles dias quero excluir. Quero lembrar daquele cavalo que me fez berrar de medo quando vi que ele andava somente por onde ele queria, e o que ele queria mesmo era me tirar de cima dele e aí passava por baixo de árvores super baixas que se eu não me abraçasse a ele caia. Eita! Será que o que ele queria era que eu abraçasse ele?! Ah, seja lá o que foi, ele sim foi sincero, eu é que não entendo sua língua.
Enfim, aquele abraço da foto também foi excluído.
Só não sei se sozinha vou conseguir jogar no lixo as lembranças das dores. Não sei se sozinha vou conseguir catar todas elas e depois descobrir um lixo seguro pra que ela não volte como o ingresso que só vai de verdade agora que já tá dentro do saco fechado ali na porta pra o lixeiro levar.
Afinal hoje é terça-feira, o dia que o carro do lixo passa aqui na rua!
Lixo! Esse sim é seu lugar!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Hoje

Ela tá me comendo toda.
Ela come mesmo. Come a vontade de fazer e de não fazer. De estudar, de escovar os dentes pra dormir. De andar de patins depois de deixar Zé na escola. Ou de ficar com Bento quando forem levar Zé.
Não aguento mais ver essa coisa vazia tomar todo o espaço e me deixar ainda mais vazia. Parece que tô oca.
Tento encontrar a resposta pra isso: pressentimento? saudade? falta? mudança?
Quando senti a dor, reclamei, quis tirar ela de mim, mas agora que não sinto nada e só me resta o medo, ou o nada. Nem tanto melhor nem pior, mas também incomoda.
Acho que a dica tá no nome que se dá pra esse sentimento de vazio.
Vazio, nada, falta, nada.
Nada. Deve ser o que devo fazer pra isso passar. Nada.

Clarice por mim.

Que o Deus venha

Sou inquieta, áspera e desesperançada, embora amor dentro de mim eu tenha.
Só que eu não sei usar amor, às vezes arranha feito farpa.
Se tanto amor dentro de mim eu tenho, mas no entanto continuo inquieta.
É que eu preciso que o Deus venha antes que seja tarde demais.
Corro perigo como toda pessoa que vive, e a única coisa que me espera é o inesperado.
Mas eu sei que vou ter paz antes da morte.
Que vou experimentar um dia o delicado da vida.
Vou aprender como se como e vive o gosto da comida.
- Como se come e vive o gosto do amor.