terça-feira, 24 de abril de 2012

Sobre ELE!


A vida do poeta Vinicius de Moraes é difundida mundo a fora como uma passagem permeada por amor, desamor, novos amores e sempre outros mais. O amor, em diversas formas foi por ele retratado e destrinchado por toda sua obra, fosse ele direcionado à família, aos amigos ou às amantes. Mas foi o amor às amantes quem o levou a nos deixar os escritos mais belos e conhecidos de sua extensa e variada obra.
De acordo com as diversas nomenclaturas relacionadas aos tipos de amor, esse que se fazia florescer no poeta, ao se deparar com uma mulher feita de música, luar e sentimento, o levando a morrer de amar mais do que o possível, se enquadra no conceito do amor Eros. Também conhecido como amor paixão, a definição do Eros encontrado em Platão, através do discurso de Sócrates, em meio a tantas outras definições, discussões e conceitos, é a que melhor define o amor encontrado nos poemas dedicados às amantes de Vinicius.
Ele teve uma educação baseada nos preceitos da religião católica, estudou em colégio de jesuítas e recebeu orientações severas acerca dos bons costumes. Os sentimentos eram reprimidos e o ainda menino, começa a tentar lidar com as emoções. Quando levado por um tio a um bordel, Vinicius, com apenas 13 anos, é apresentado àquele que seria o maior dilema até o resto de sua vida, "o da conciliação dos imperativos da carne com as restrições do espírito" (CASTELLO, 2009, p.55). Sempre deixando escritos, e sobretudo poemas que nos permitem ter alguma noção a cerca de seus sentimentos pela época vivida, Vinicius nessa época começa a enfim permitir que nasça seu lado poeta.
Antes desse verdadeiro nascimento, Vinicius se arriscava em rabiscar declarações as namoradinhas até encontrar amigos com quem compartilhar escritos e idéias para enfim descobrir a vida real e mergulhar no turbilhão de sentimentos a que ela o oferecia. Enfim começa a conhecer e desvendar os mistérios do amor Eros. Casa-se pela primeira vez e conhece a vida em família, é o pai, marido e homem da casa por alguns anos. Até conhecer outras mulheres e começar a confundir-se diante de seus desejos. Acredita ter somente confundido e retorna a primeira mulher após um tempo separados. Separa-se de vez, se entrega completamente a outra, depois encontra algo que faltava para completá-lo numa terceira, percebe que ainda falta algo mais e segue para a quarta, depois a quinta, sexta, sétima...
Vinicius se desconstrói a cada nova descoberta, e tenta, se entregando a uma nova paixão, a completude daquele vazio que sentia existir dentro de si. A cada nova paixão,
descobre novas sensações e vai através das palavras tentar buscar sentido e compreensão delas. Acredita ser ninguém sem o alguém que deseja e nos deixa as Redondilhas pra Tati. Sente ternura e se encanta com os doces olhos de certa arquivista, retratando-a na Balada das arquivistas, se entrega mais uma vez e nos pergunta em meio à paixão seguinte, quem pagará seu enterro e as flores caso morra de amores.
Sente-se mais maduro e preparado, esquece o passado, os erros que cometeu e nos diz o que é preciso Para viver um grande amor. Depois esquece os anos que carrega em seu corpo, sente-se juvenil, se entrega a uma juventude, aos seus delírios, e diz a uma jovem cerca de trinta anos mais jovem que ele: "... você que ser Minha Namorada / Ah, que linda namorada / Você poderia ser". (MORAES, 19XX, p.XX)
Sempre cercado por amores, amigos, companheiros e parceiros de músicas, porres e romances, o poeta enriquece sua obra e sua vida com novos e velhos amores, momentos e sentimentos. Como não amar e querer sempre mais vivendo ao lado de Pablo Neruda, Antonio Maria e Dorival Caymmi? Como não transformar amor em samba e samba em amor ao lado de Baden Powell e Pixinguinha? Como não querer entender, sentir e saber mais das mulheres ouvindo suas mágoas de amor sendo cantadas por Elizeth Cardoso ou pelo quarteto em Cylene, Cynara, Cybele e Cyva? Como não querer fazer de sua vida filmes protagonizados por mulheres comuns e incomuns, sendo companheiro de Orson Welles e Walt Disney?
Sendo assim, nosso poeta continua a eterna busca se encantando Pela luz dos olhos(seus) de uma mulher que o hipnotiza, mas que quando resiste aos seus olhos para provocá-lo, faz também com que ele volta ao seu estado natural e permite o encontro a outros olhos que o desperta para outros amores. Ainda entregue aos feitiços das mulheres, o poeta renasce como místico do amor, casa-se com Iemanjá, mergulha nos mistérios da Bahia e do candomblé e Na Katmandu dos Pobres, vive momentos agitados em busca da calma, ao lado claro, de uma baiana.
Em meio aos fãs que conquistou nessa nova fase, conhece melhor o sucesso fora de seu país e com os novos ares se sente jovem novamente, entregando-se a mais Um signo, uma mulher. Até que enfim, Vinicius não mais consegue com sua sede de juventude, iludir o corpo já cansado e maltratado por amores e bebidas, farras e retrações, viagens, sucessos, casos e acasos. Mesmo assim, vive mais um amor, produz para jovens mais que jovens, às crianças, o elepê Arca de Noé. Quer renascer mais uma vez, ser novamente menino e recebe os cuidados de uma mãe-mulher que além do amor materno lhe oferece mais uma vez um amor de mulher, mas assim como as outras, não consegue impedir que ele se entregue a mais uma, a outra como sempre fez, mas desta vez, a última.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Lembrei que quando escrevo encontro alguma resposta, alguma chave.
Cá estou eu novamente a choramingar, reclamar da vida pra depois me sentir culpada, burra, fraca e dramática.
Mas é que acho que aquela velha mania de me jogar 100% em tudo as vezes termina mal. Me sinto sem energia, cansada.
O corpo dói, a cabeça fervilha.
Acabou a maratona da Páscoa, mas voltou a maratona da vida. Contas a pagar, pendencias mil a resolver, família pra conviver, saúde pra cuidar, satisfações a dar, deveres a cumprir, ciclos a fechar e o desejo de descansar de tudo.
Mais do que meu namorado, tem outro alguém que pode até não parecer, mas me cobra ainda mais. Essa cabeça que carrego bem aqui em cima do meu corpo.
Tenho planos, desejos, sonhos e disposição pra coloca-los em prática e correr atrás deles. Mas me sinto muito cansada. Cheia doque ainda não sei. Aí fico insatisfeita, chata, impaciente e... cansada.
Tudo passa na minha cabeça 1.000 vezes ao dia. A agenda até ajuda a listar os compromissos, mas só alguns, porque durante o dia vou lembrando daquele outro, daquela ligação, da outra cobrança...
De repente, em um ano, me vejo cheia de compromissos, responsabilidades. Ao invés de "De repente 30" o filme da minha vida é "De repente 300", 300 coisas pra fazer!