quinta-feira, 11 de março de 2010

Hoje de manhã

Ela estava onde eu não pudia imaginar.
Lá na porta branca e fechada.
Fechada não se sabe por quanto tempo.
Esta era branca e o verde daquela era quase o mesmo verde da caneta que escrevo agora essas loucuras.
Era quase da cor do sorriso que vi no meu rosto no espelho do banheiro do teu irmão, naquele dia.
Mas ela tava lá, pisando com cautela, sentindo e observando tudo com a calma e paciência que só a esperança tem. Pisando e apoiando seus pés miudinhos naquela superfície branca e cheia de armadilhas que poderiam inutilizar seus sentidos caso eles falhassem.
Ela tava lá e nem me dava bola. Ou será que me olhava? Que estava ali por mim, pra mim?
Eu precisava dela. Precisava que ela comesse as folhas, os caules, as flores e destruísse até as raízes do jardim que tu me deste e que eu ainda insisto em cultivar.
Preciva que ela destruísse tudo e morasse sozinha lá naquele lugar, aquele lugar que era teu e meu.
Resolvi tocar nela pra ver se ela me olhava e eu a convidaria pra morar em mim, mas ela voou. Olhei e vi que ela ainda estava perto de mim.
Mas perdi a coragem, e fui embora.

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