sábado, 19 de novembro de 2011

Foi ontem.

Ao ouvir "Cangote" sendo cantada alí na minha cara, por aquela voz doce que você bem conhece, senti aquela gota quente se formando em meus olhos. Eu sei que choro quase todos os dias da minha vida. Mas dessa vez me concentrei na gota pra tentar sentir melhor tudo aquilo.
Foi somente uma em cada lado. Senti quando ela se libertou e finalmente nasceu. Ficou ali, quentinha e parada em algum declive de meu rosto. Parada como se tentasse, também ver tudo aquilo que acontecia pelo máximo de tempo possível. Ela ficou parada e eu a sentia tão quentinha e gostosa como aquele lugar onde fiz meu achego e meu alento, que quando chego lá, nada mais é preciso, porque num silêncio tudo se explica.
E era isso, naquela hora dentro de mim só havia o silêncio e a saudade. Saudade de me encaixar no teu cangote, sentir teu cheirinho de paz e dormir com ela.
Lembro de cada segundo. Parei e vivi aquele momento com as gotas que também pararam para ver todo o espetáculo a que a saudade me proporcionou.
Mas a vida é mais forte que tudo. E ela nos leva ao seu encontro a qualquer custo, não adianta tentar o contrário. Ela veio em forma de vento, levou a gota e o momento.
E já que tinha de ser assim, pedi pra ele levar junto com uma gota, minha saudade. E junto com a outra um sussurro pro teu sonho, qualquer um que te fizesse lembrar do meu amor e do meu desejo de te ter comigo.
Ele levou e tudo voltou em minha volta. As pessoas, a voz, as vozes, os cigarros, as bebidas, as cores e o calor. Que formou gotas por todo o meu corpo, me cobrindo de saudade.

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